O câncer de pulmão é uma doença na qual há um grande desafio no desenvolvimento de novos medicamentos.
O fumo é o principal fator de risco para o desenvolvimento dessa doença e o tabaco produz diversas mutações aleatórias nas células do pulmão. Sendo assim, as doenças são muito heterogêneas, e desenvolver um medicamento que funcione contra todos os cânceres de pulmão é uma tarefa extremamente complexa.
Resultados anunciados recentemente trazem novas esperanças no tratamento dessa doença. Em vez de focar na eliminação da célula do câncer, pesquisadores desenvolveram medicamentos capazes de ativar o próprio sistema imunológico do paciente. Resultados da molécula Nivolumab em câncer de pulmão do tipo escamoso foram apresentados recentemente.
Existem no sistema imunológico proteínas que regulam sua ativação ou inativação, são os chamados check points imunológicos. Essas proteínas funcionam como interruptores que ligam e desligam as células de defesa. Sua função normal no corpo é ligar as células imunológicas para combater infecções e em seguida desligar quando a infecção está curada e as células não são mais necessárias.
Na imagem acima, uma célula cancerosa é atacada por quatro linfócitos, células do sistema imunológico.
Os cânceres têm a capacidade de desligar essas moléculas e assim conseguir crescer sem serem atacados pelo sistema imunológico. Os novos medicamentos, da classe de anticorpos Anti-PD1, como o Nivolumab, são capazes de ativar diretamente as células brancas do sistema imunológico, estimulando assim o combate às células do câncer.
No vídeo acima, uma célula do sistema imune ataca uma bactéria.
Esse é um dos mais importantes avanços do tratamento de câncer de pulmão dos últimos 10 anos e muito mais está por vir. A combinação desse medicamento com outros já existentes e moléculas em desenvolvimento é um campo promissor na melhora do tratamento do câncer de pulmão.
Dr. Felipe Ades MD PhD - Oncologista 