A maior parte dos cânceres do aparelho digestivo se origina da mucosa destes órgãos, a pele que recobre o estômago e os intestinos. Existe, no entanto, um grupo de tumores raros que se originam do estroma do órgão. O estroma, fico logo abaixo da pele do intestino e do estômago, sendo a parte de sustentação do órgão, onde ficam os tecidos de conexão e os músculos responsáveis pelo movimento peristáltico do estômago e do intestino. Estes tumores são chamados de GIST (do inglês Gastro Intestinal Stromal Tumors, a tradução em português seria “tumores do estroma gastro intestinal”) .
Apesar de poder aparecer em qualquer parte do intestino o GIST é mais comumente visto no estômago. Seu comportamento é bastante variável de pessoa para pessoa, podendo ser um tumor de crescimento lento, que não causa nenhum sintoma, até um tumor de crescimento mais rápido, capaz de se espalhar para outros órgãos. As principais características que os médicos usam para avaliar o comportamento do tumor são o seu tamanho, a avaliação da replicação das células na biópsia (um pequeno pedaço do tumor que é tirado para exame) feita durante exame de endoscopia digestiva, e sua localização.
Antigamente, o tratamento com medicamentos destes tumores era muito pouco eficiente. A quimioterapia tem o efeito de atacar células que crescem rápido, como o GIST não tem um crescimento muito acelerado, em geral estes medicamentos não funcionam muito bem. No entanto foi identificado que a maioria destes tumores apresenta uma mutação em uma molécula chamada c-kit, e em menor parte numa outra molécula chamada PDGFR. Estas mutações ativam as células, que começam a crescer e se multiplicar, fazendo os tumores aumentarem e se espalharem para outros órgãos.
O medicamento Imatinib (nome comercial Gleevec) mudou radicalmente o tratamento desta doença. O Imatinib é um medicamento administrado em comprimidos que age bloqueando o efeito do c-kit e do PDGFR, causando assim a redução destes tumores. O medicamento é eficaz tanto quando dado antes da cirurgia, com o objetivo de redução do tumor para facilitar sua retirada, quanto quando a doença encontra-se espalhada para outros órgãos, e não pode ser totalmente retirada, com o objetivo de reduzir os tumores e deixá-lo sob controle. O imatinib pode ser útil também depois da cirurgia de retirada do tumor em alguns casos, em geral quando os médicos avaliam que existe risco maior de retorno da doença, como em tumores maiores ou com taxa de crescimento mais acelerada, por exemplo.
O GIST é mais um caso onde o conhecimento da biologia do câncer resultou no desenvolvimento de tratamentos mais efetivos e com menores efeitos colaterais.
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